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A arte de engolir sapos – Rubem Alves

A arte de engolir sapos A pessoa que nos obriga a engolir sapo, a gente nunca mais esquece.
Diz a Adélia que "aquilo que a memória amou fica eterno". Aí eu acrescento algo que aprendi no Grande Sertão. Conversa de jagunços matadores. Diz um: "Mato mas nunca fico com raiva." Retruca o outro, espantado: "Mas como?" Explica o primeiro: "Quem fica com raiva levo o outro para a cama." É isso. A gente leva para a cama a pessoa que nos obrigou a engolir o sapo.
A raiva também eterniza as pessoas. Não adianta falar em perdão. A gente fica esperando o dia que ela também terá de engolir um sapo. Ou, como dizia uma propaganda antiga de loteria, a gente reza: "O seu dia chegará."

( Rubem Alves )

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